Carta Vária, porquê?



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


Yo tengo tantos hermanos

Yo tengo tantos hermanos

Que non los puedo contar

E una novia muy  hermosa

Que se llama libertad!

Ataualpa Yupanki


Sempre soube que tinha muitos amigos e muitos irmãos de fé. Mas nunca pensei que fossem tantos, e que estivessem espalhados por todos os cantos do mundo. Foi assim, e por isso, que no dia do meu aniversário me chegaram tantas mensagens de amizade, felicitações, solidariedade, longa vida e exigências de que a luta em que estivemos envolvidos, é para continuar, pois a idade da reforma nunca chega para aqueles que querem construir um mundo novo.

As lutas passadas, as amizades solidamente construídas, as desilusões que também houve, as quedas que muitos sofremos, a perseverança de tantos e tantos, os sacrifícios de vidas ceifadas pela crueldade dos nossos inimigos, tudo isso me voltou à memória.

O meu desejo era estar com todos os companheiros e companheiras para recordarmos o passado e continuar a lançar as bases do futuro. Desejei até estar com aqueles que me felicitaram sem que eu os conheça pessoalmente. Essa foi uma solidariedade nova e profundamente gratificante. Demos tão pouco e estamos a receber tanto! Não recebi mensagens de muitos e muitos companheiros com quem vivi muitos sóis e muitas luas e com quem percorri tantos e tão agrestes caminhos. Eles não podiam estar presentes nem mandar-me mensagens, porque sendo sementes, foram lançados à terra, para que, no futuro haja pão para todos. Por momentos, ou não sei por quanto tempo viajei ao seu encontro para a constelação da Utopia. Assim, pude reencontrar o Augusto do Nascimento, semeado em terras do Maranhão, o Mariano (Loyola) meu companheiro de tantas jornadas, assassinado na casa dos horrores em Petrópolis, o João Pedro Teixeira, que Sapé chora até hoje, vitimado que foi pelo latifúndio da Paraíba, o Epaminondas, de Porto Franco, assassinado na tortura em Brasília pelos esbirros do general Bandeira e cujos restos mortais, só agora, mais de 40 anos passados serão entregues à família, o Raimundinho, ceifado em Recife, pelas balas assassinas da polícia e do exército.

Mas por lá, pela constelação da Utopia, pude encontrar ainda, companheiros como o Marighela, o Câmara Ferreira,O Macena, O Lamarca, o Che, assassinado e semeado na Bolívia e cuja semente já se vê crescer agora. E também o Camilo Torres que caído no solo da Colômbia e cuja sementeira só agora, começa a dar fruto.

Por fim o Zeca, o cantautor da liberdade, andarilho, poeta e cantor, que agora mais vivo do que nunca, continua a cantar a liberdade e  a inspirar os seus novos cantores. Não sei o que dizer mais, se não que as vossas mensagens acrescentaram vontade à minha vontade, determinação à minha determinação para continuar a trilhar os difíceis caminhos que nos hão-de conduzir à "capital da alegria.”O meu bem-haja a todos.
Aquele abraço
 
Alípio de Freitas

1 comentário: