Carta Vária, porquê?



domingo, 18 de outubro de 2015

Carta aberta ao Presidente de Angola


Senhor Presidente:

Ao mandar prender Luaty Beirão e os 14 ativistas, que estão até agora encarcerados sem culpa formada, não devia saber que um homem se quiser pode resistir e sobreviver vitoriosamente a qualquer forma de opressão.

Não devia saber porque se esqueceu. Esqueceu que já foi jovem, que já lutou por ideais. Ideais de liberdade de democracia e bem-estar social. Esqueceu tudo porque infelizmente o seu país é o exemplo contrário de tudo isto. É uma ditadura cruel, um valhacouto de ladrões, uma associação de interesses mesquinhos, melhor dizendo, um país sem povo. Quem lho afirma é alguém que durante dez anos esteve preso, sobreviveu às greves de fome e à tortura. Esta é a afirmação de um homem que esteve disposto a morrer por aquilo em que acreditava. E digo-lhe que um homem pode ser triturado pela máquina do terror que a sua condição de homem sobrevive, pois todo o homem pode manter-se vivo enquanto resistir.

A luta dos jovens angolanos é um libelo contra a opressão como forma de vida política, contra o silêncio das mordaças, contra todos os processos de aviltamento dos seres humanos, contra a corrupção ideológica. A luta dos jovens angolanos é a constatação de como o arbítrio avilta os indivíduos e as instituições, corrompendo-os pelo abuso do poder, pela falsa certeza da impunidade, pela imposição imoral de uma vontade sem limites, pelo silêncio indigno, pela conivência criminosa, pela omissão filha do medo, em que o silêncio do terror tem que ser aceito como paz social.

  Se me atrevo a dizer-lhe tudo isto é porque Angola fez parte do meu ideário político e das minhas preocupações revolucionárias e muitos revolucionários angolanos foram meus amigos. Quando parti de Portugal para o Brasil devia ter partido para Angola, mas já nesse tempo as condições da minha ida não foram possíveis, devido às minhas ligações com a resistência angolana. No Brasil, colaborei com a resistência angolana e fui seguindo os seus passos como pude a té porque eu já estava umbilicalmente ligado à resistência brasileira. Mesmo assim, à minha única filha, coloquei o nome de Luanda.

Senhor Presidente, é tempo de não se deixar enredar por intrigas palacianas, por intrigantes gananciosos, por saqueadores de todo o tipo. Quando esse saque acabar o único responsável será o senhor. Se tiver ainda um momento de reflexão possível recorde-se dos seus tempos de jovem quando a revolução do seu país lhe ocupava a sua força, a sua inteligência e todas as suas capacidades. O tempo em que provavelmente era feliz.

Como sabe, o poder tanto pode chegar aos que dele abusarão como àqueles que o usarão com legitimidade a favor dos seus povos. Mas só os poderosos podem ser magnânimos, cometer actos que aos outros mortais não são possíveis Tem agora tempo de ser magnânimo: retire os presos da prisão, ouça-os e depois peça-lhes desculpa. Eles merecem.

Lisboa, 18 de Outubro de 2015

Alípio de Freitas

terça-feira, 21 de abril de 2015

Requiem para um sonho!


 

Há mais de mil anos que os europeus exploram a África. Primeiro foram os ikos, um povo grego que em muitas e variadas ocasiões devastou o delta do Nilo. Depois vieram os romanos que, com a sua avidez, conquistaram o Egipto por causa da abundância de trigo. A seguir e por outros motivos conquistaram a Líbia, ocuparam a Tunísia e a Argélia, fixando-se finalmente numa parte do que é hoje Marrocos. Tudo para, diziam eles, evitar o domínio do Mediterrâneo pelos Cartagineses, um povo fenício que se fixou onde é hoje Túnis. Este domínio e exploração só terminam quando os árabes diante da fraqueza e contradições do Império Bizantino, conquistam o que é hoje a Síria, o Líbano, a Jordânia, Israel, o Egipto e tudo o mais até Marrocos. Mais tarde chegaram à Península ibérica onde ficarão por mais de 700 anos. A conquista de Ceuta, pelos portugueses marca, porém, a reconquista da África pelos europeus, reconquista essa que se faz ao longo de toda a costa africana e chega até ao Golfo Pérsico. Tudo o que era riqueza, como o ouro e pedras preciosas abundantes em África, vai chegando à Europa. Mas a necessidade de mão de obra na América inicia o trágico período da Escravatura. Segundo Davidson, historiador do assunto, mais de 150 milhões de africanos foram arrancados  da África e levados para as Américas.

Com o início da industrialização da Europa exigem-se matérias-primas abundantes. A África é então objeto de novas explorações que já não se limitam à costa mas entram dentro, dando origem ao tratado de Berlim que acomodou os interesses da Alemanha, Inglaterra, França, Bélgica, deixando a Portugal Moçambique, Guiné e Angola. Desta vez, já não era a escravatura o principal interesse, até porque no mundo industrializado, um operário ficava mais barato, mais em conta, do que um escravo. Mas todas as outras riquezas, como o ouro, a prata os diamantes, as madeiras, os minérios como o cobre, os produtos agrícolas continuaram a fluir para a Europa. Por incrível que pareça em consequência são agora os europeus sob as mais diversas denominações e profissões que emigram para África.

No final da segunda guerra mundial, sob pressão dos EUA que também havia sido uma colónia inglesa, dá-se início à descolonização transformando-se as antigas colónias em novos países independentes. Só que os ex-colonizadores esqueceram-se de que a África foi divida a lápis e esquadro, separando povos e regiões que jamais se encontrariam num novo país. Também os líderes africanos foram escolhidos a dedo para que permitissem e favorecessem a exploração dos seus países. Os que se opuseram ou resistiram foram assassinados ou depostos. Todavia, as riquezas de que necessitava a Europa continuaram a fluir para cá. Depois criou-se a teoria de que a África e os africanos não só não se sabiam governar como também não tinham condições de se sustentar, esquecendo-se os teóricos de que a África é um continente que dispõem de recursos suficientes para proporcionar bem-estar ao triplo da sua população. Recursos que vão da água potável, ao petróleo, ao gás natural, às terras férteis, às madeiras, ao ouro, à platina, aos diamantes…

Como a exploração continua, a miséria se tornou endémica e instabilidade política é permanente, criou-se nos africanos a miragem da vinda para a Europa, onde todos são felizes, onde o bem – estar é geral e a riqueza um património comum. Por isso eles arriscam tudo para chegar a esse “El Dorado”, entregando-se a todo o tipo de traficantes para morrerem depois na sua maioria afogados no Mediterrâneo. E o que fazem os europeus? Reuniões e mais reuniões, mas nada  de concreto para parar esse fluxo migratório.
Não sei, mas talvez chegue o dia em que os europeus entendam que a terra e as suas riquezas são um bem comum do qual todos os homens e mulheres têm o direito de usufruir.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Informação ou fait divers?



Desde que dos Emiratos Árabes Unidos levantou voo um avião movido a energia solar, desde esse dia, as notícias são sempre as mesmas ou quase as mesmas. Apenas a descoberta de um novo planeta com mares de água doce e salgada com profundidades de 100km quebrou esta rotina. As notícias versam sempre sobre o EI e as suas atrocidades, as falas da nossa ministra das finanças, os incumprimentos fiscais do 1ºministro, a demorada prisão do ex-primeiro ministro Sócrates, as intermináveis audições dos responsáveis pela falência do BES e ainda o discurso moralista do presidente da república. Tudo isto é muito pouco para um país que se encontra à beira da falência, um país em que a segurança social é uma fraude e a saúde quase um caos, um país em que a imigração é a única porta de saída para muitos e muitos jovens e adultos qualificados, em que a pobreza atinge hoje níveis degradantes, para além dos pobres anteriormente identificados, quase toda a antiga classe média. Na verdade, creio que os jornalistas têm de zelar pela sua profissão evitando ser repetidores de notícias que todos conhecem e já perderam o sentido. À notícia tem de juntar-se a razão de ser da sua existência, uma vez que as coisas acontecem ou não acontecem por acaso, têm causas que as precedem ou lhe dão origem. Se não vejamos: porque é que saiu da imprensa a notícia do avião movido a energia solar? Porque foi um fracasso? Porque não cumpriu a sua missão? Nada disso! O problema é que o protótipo de energia solar põe em causa indústrias poderosas que vão desde o petróleo até às novas tecnologias e às atuais companhias de transporte aéreo. O que é que se pretende com a divulgação sistemática do EI e suas atividades? Porque não se divulgam e aprofundam os verdadeiros interesses que estão por trás dessa organização? Quem a mantém? Todos os jornalistas sabem, mesmo os mal-informados que quem patrocina o EI é a Arábia saudita e o Qatar com a proteção dos EUA. Porquê? Porque é necessário diabolizar e destruir todos os países que não aceitam a existência de Israel naquela região como pais. Assim foi necessário destruir o Iraque, agora será a Síria e o Líbano e a seguir a Palestina. Os árabes nada têm, como povo, contra o povo de Israel, como a história o demonstrou, pois foram sempre os árabes quem recebeu os judeus que foram expulsos pelos cristãos. Toda esta intriga que resultou no Estado de Israel é obra do sionismo internacional e da falência da sociedade das nações que nem resolveu satisfatoriamente o problema do povo judeu nem do povo curdo. O interesse dos EUA na região é o petróleo por isso eles protegem a Arábia saudita e os Emiratos. Se eles pudessem garantir, o que já se lhes tornou inviável, o petróleo do México, da Venezuela, do Equador e da Argentina, seguramente se desinteressariam dessa região, pois eles sabem que mais tarde ou mais cedo toda a África e o Médio-Oriente serão efetivamente muçulmanos. Agora mesmo já pouco resta para que não o seja. Provavelmente dentro de pouco tempo os únicos lugares onde o Islão não prevalecerá será na Namíbia, dada a forte influência cultural alemã nesta sua antiga colónia e a África do Sul onde será possível uma aliança da Igreja Reformada holandesa com os interesses da grande finança judaica e árabe. Como todas as religiões o Islão tem um sentido expansionista, uma necessidade intrínseca de chegar aos povos onde ainda não está presente. Nunca desistiu desse princípio e tem-no feito de diversas maneiras, mas muito especialmente através da Jiade, a Guerra Santa. Foi assim ainda Maomé era vivo. Logo a seguir à sua morte a sua filha mais velha comandou pessoalmente a Jiade que levou o Islão até ao Egipto. Em menos de dois séculos todo o Oriente Médio e todo o norte de África eram muçulmanos. À Europa, através da Península Ibérica chegam no sec.VIII e propõe-se conquistar a Europa e só não acontece porque são derrotados, por Carlos Martel, na batalha de Arles. Mesmo assim, o Império turco, após a tomada de Constantinopla em 1453 estendeu-se à Grécia, à Macedónia, à Bósnia, ao Montenegro, à Albânia. Só desistem do seu intento já no sec.XVII depois da batalha de Lepanto onde são derrotados definitivamente. Só no final da 1ª guerra mundial é que o Império turco, símbolo mais alto do expansionismo do Islão, foi desmembrado dando origem a uma série de outros países tais como a atual Turquia, o Iraque etc. Pessoalmente não creio que o Islamismo se expanda para além das regiões já mencionadas, como por exemplo, para a América latina ou países como a China, Japão ou Coreias dado os níveis de resistência cultural e material que aí iriam encontrar. O que pode acontecer é que se divida uma vez que a sua unidade dogmática é muito frágil.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Em nome de Deus?


 

Observando a história da humanidade comprova-se que a expansão das regiões se faz sempre, ou quase sempre, de uma forma mais ou menos violenta. Sempre que um povo conquistava outro, impunha-lhe a sua religião como forma de dominação e, este processo manteve-se, praticamente, até aos nossos dias. Isto vem a propósito das execuções sumárias efetuadas pelo  auto denominado Estado Islâmico, no seu avanço para o Oriente Médio e para África. E não escolhe vítimas. Agora mesmo tivemos a noticia de que foram decapitados 21 egípcios cristãos coptas. Porém, houve um tempo em que a difusão da religião não foi assim. Temos de remontar  à expansão do Cristianismo no seu 1º seculo quando o amor se sobrepunha a qualquer outro sentimento. Os próprios pagãos diante da atitude dos cristãos repetiam com profunda admiração ”Vede, como eles se amam!”Mas esta atitude durou pouco porque quando o cristianismo se tornou religião do estado os cristãos repetiram o que já antes fora feito, impondo, ao mesmo tempo, o gládio e a cruz. Por isso, não é de admirar e não nos pode surpreender que o Islão, apesar dos tempos serem outros siga pelos mesmos caminhos. A jiade nada mais é do que a guerra santa contra os infiéis. E infiéis são todos aqueles, mesmo que adorem o mesmo Deus,  o não adorem da mesma forma daqueles que detêm o poder. Também isto é demonstrado pela história mais recente, pelas guerras que os cristãos travaram entre si, tentando cada igreja ou fação impor a sua verdade. Refiro-me, por exemplo, à guerra contra os Ussitas, à guerra dos 30 anos que envolveu os cristãos europeus e teve até repercussões profundas na formação dos estados da América do Sul e do Norte, na África e na Ásia. Todas as guerras de conquista territorial foram sempre acompanhadas de conquistas religiosas que, em alguns casos, levaram ao extermínio total de religiões locais ou à sua imposição. É certo que em todas as religiões houve movimentos e pessoas que procuraram difundir outros caminhos e outros modos de chegar a Deus. Mas o seu poder de persuasão ou influência foi muito pequeno E assim chegamos aos dias de hoje em que as guerras de religião continuam, guerras em que a ferocidade é maior, em que o poder de destruição ultrapassa o poder da espada, em que o mundo muçulmano pode ser transformado num Iraque e cada cidade numa Falluja. Assim o queiram os atuais detentores do poder. Refiro-me especificamente aos EUA. Há já muitas vozes que se levantam para que tal aconteça. Vozes que vêm dos países onde existe grande imigração muçulmana, vozes dos interessados nas riquezas desse mesmo mundo. Só os muçulmanos podem por cobro a tal situação, porque os cristãos estão mais dispostos à revanche do que à conciliação, mais apostados no saque do que no respeito pelas riquezas alheias. E o que restará do Oriente Médio e da África, cristã ou muçulmana se estas atitudes não forem mudadas? Nesta histeria quase universal são muito poucos aqueles que mantêm a serenidade, chamam as partes à razão e recordam a todos os homens que se Deus existe, existe igualmente para todos. Para todos sem distinção. Afinal somos companheiros de viagem.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Rilhafoles à vista!


Como era de esperar, o 1º Ministro grego, Alexis Tsipras foi ao Parlamento para definir o que será o seu Governo. Primeiro, reclamar da Alemanha as indemnizações devidas à Grécia por causa dos estragos aí perpetrados durante a ocupação alemã na II guerra mundial. A Alemanha que se arroga de cobrar juros do capital emprestado aos países que durante a guerra ocupou, tem agora, pela primeira vez, um país que lhe demonstra que o devedor é ela. A Grécia exige o pagamento da dívida. Disse ainda o 1º Ministro grego que a eletricidade voltaria a ser fornecida gratuitamente a todos aqueles que não a podiam pagar. Subiu o salário mínimo para 750,00 euros. Vai distribuir senhas da alimentação aos necessitados. Inviabilizou todas as vendas e privatizações do património e dos recursos naturais da Grécia. Reduziu substancialmente o salário dos políticos. E agora, Sr. Passos Coelho, ainda 1º Ministro? O que diz a tudo isto? Será que estas medidas continuam a ser histórias para crianças? Ou será que no PSD e no CDS não há ninguém que o avise do ridículo em que está a envolver o país?Diz um ditado grego que os deuses quando querem perder os homens, ensandecem-nos. Será que os deuses do Olimpo resolveram divertir-se consigo e com os partidos que o apoiam? Tome cuidado porque em Rilhafoles há sempre vagas disponíveis!

Falando de música


Na sexta-feira p.p. resolvemos ir até ao Alentejo, mais propriamente até a Alvito, vilazinha do distrito de Beja, cujo interesse principal para nós, é o de termos lá alguns amigos e conhecidos e uma casinha, que não sendo um palácio é boa de disfrutar.
Chegámos e estava um frio de rachar daqueles que por esta altura assolam o Alentejo e que só uma boa lareira consegue espantar. O problema é que não havia lenha em casa, os aquecedores a gás estavam sem gás, pelo que resolvemos regressar pela manhã do dia seguinte. Se há uma coisa que não consigo entender é que na cultura cristã o inferno é extremamente quente, enquanto que na cultura grega é extremamente frio. Esta é uma das coisas em que as culturas grega e cristã não se entenderam. Quem sabe se o que está a acontecer entre o Syriza e a Europa não advém daí…

Mas falando a sério. No regresso para Lisboa, ao ligar o rádio do carro estava a ser transmitido na Ant2 um programa de música do professor João de Freitas Branco. Nem pensei em sair dali. E entre música clássica e informações históricas e culturais sobre as músicas, chegámos a Lisboa. Confesso que não me recordo do nome do Programa mas que fiquei seu fã, fiquei. Além do mais, o programa fez-me regressar a um passado já longínquo em que eu mal saído do Seminário, fui trabalhar para uma escola de artes e ofícios que acolhia meninos pobres, de idades entre os sete e os 18 ou 19 anos, quando iam cumprir o serviço militar.
Nessa escola aprendia-se artes tipográficas, mecânica de automóvel e artes afins, como pintura, e carpintaria. A escola primária era feita na escola oficial e alguns alunos estudavam na escola industrial da cidade.

Como em muitas outras escolas semelhantes, o aprendizado da música era oficial e obrigatório, pois em quase todas existia uma banda de música ou orquestra. O Patronato não era exceção. Assim, quando qualquer internando chegava punha-se-lhe nas mãos o solfejo de Tomás Borba, encarregando-se um dos alunos mais velhos do lho ensinar. Em poucos dias aprendiam a solfejar e iam experimentando, conforme as idades e os tamanhos, os instrumentos musicais que tinham à sua disposição. Desta forma, a escola dispunha sempre de uma orquestra e de uma banda de música para atuar em concertos e festas. Muitos dos alunos tornaram-se músicos profissionais em orquestras e bandas de música militares. Digo isto porque não consigo entender que sendo o estudo da música obrigatório em determinados níveis de ensino, a prática da música seja tão escassa e a falta de gosto tão generalizada em Portugal. E não se diga que o povo português não gosta de música, porque em todas as aldeias por onde passei, as pessoas não só cantavam música religiosa como mantinham a prática da música popular, sobretudo a que se referia ao trabalho.

Toda a música tem a sua origem no povo e quando ela se torna mais elaborada é fruto das muitas contribuições que esse mesmo povo lhe dá. Não existiriam nem Bach, nem Sibelius, nem Beethoven e tantos outros se não houvesse a música popular, aquela que tem raízes na cultura do povo.
Quanto ao professor João de Freitas Branco, quero apenas dizer-lhe que me tornei desde já assíduo ouvinte do seu programa e que todos os sábados estarei atento a ouvi-lo na Ant 2. Obrigado, professor.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Falando da Grécia



Conheci um padre, numa paróquia de Trás-os Montes que foi professor no Seminário menor de Vinhais que, em tempo de eleições, mandava os seus paroquianos votar no Partido para Deus, ou seja no PPD.Com a mudança de PPD para PSD, uma vez que Deus ficou a cargo do CDS que, segundo os seus líderes é democrata-cristão, não sei como é que o padre Valdomiro poderia “descalçar esta bota”. Mas o que eu não entendo, quer tratando-se do PPD ou PSD como é que eles elegem para seu secretário-geral, um “tipo” como o Sr. Passos Coelho. Será que o padre Valdomiro já morreu? Creio que ele serviria melhor aos interesses do PPD e CDS do que qualquer um dos seus militantes mais “combativos”. Em todo o caso, e para que não restem dúvidas, perguntem à Sra. Merkel. Vem isto a propósito das declarações do Sr. Passos Coelho sobre as eleições gregas que levaram ao poder o Syrisa e também da sua política patriótica em não se rebaixar diante da Europa. O Syrisa colocou desassombradamente os interesses da Grécia e do seu povo acima dos interesses de dominação, sobretudo da Alemanha, lembrando a todos os alemães que os únicos beneficiários da atual política europeia são eles mesmos. Mais ainda, que a Alemanha que já lançou o mundo em duas guerras sempre saiu beneficiada com elas, pois os seus credores, por este ou aquele motivo, sempre acabaram por perdoar-lhe as dívidas de guerra ou minorar o seu impacto. Mais ainda, o Syrisa lembrou à Europa que a Grécia existe como entidade política antes da própria Europa existir, resistindo como entidade cultural a todo o tipo de dominações, desde a romana à nazista, passando pela turca e russa czarista. Fala-se muito da dívida grega, que beneficiou apenas os ladrões e políticos do costume, mas nunca ninguém falou da dívida permanente que a Alemanha, a França e a Inglaterra têm com a Grécia pelo esbulho constante do seu património cultural. Basta visitar os museus de Paris, Berlim ou Londres…!