No dia 5 de maio p.p. pudemos celebrar a memória de três
personagens muito queridos e importantes. Karl Marx, Zeca Afonso e Adriano Correia
de Oliveira. Marx nasceu a 5 de Maio portanto era o dia dos seu aniversario natalício.
O Zeca e Adriano foram declarados pelo Sindicato dos Professores da Grande
lisboa como "os seus cantores".
No Facebook tive o cuidado de avisar todos os amigos e
conhecidos de que Marx aniversariava no dia 5.A mensagem chegou e centenas de
amigos tomaram um copo em honra do grande sábio. Sábio, repito. Porque na
verdade Karl Marx foi o último sábio da História contemporânea. Admiram-se? Pois
mencionem lá outro que o tenha sido. Marx foi o último homem que não só abarcou
toda a ciência do seu tempo, analisou com mestria o passado e abriu as portas
do futuro. Cientistas houve-os antes e depois dele e até contemporâneos-mais
sábios não. Sábio, só ele. Espero por isso, que
todos os que o homenagearam o tenham feito com o melhor vinho possível,
mesmo para além de qualquer crise.
O SPGL como se diria no Brasil, caprichou na homenagem ao
Zeca e ao Adriano. O espectáculo foi nota 100 e a Aula Magna estava a rebentar
pelas costuras.
Cantaram-se e ouviram-se cantar as músicas do Zeca e Adriano
e, no final a Grândola irrompeu pela sala saída das mais de mil vozes ali presentes, em ondas de
25 de Abril. No palco, entrando, saindo e voltando a entrar, estiveram a
Brigada Victor Jara, o Vitorino, o Sérgio Godinho, o Janita Salomé, o Manuel Freire, o Paulo Vaz
de Carvalho, o Jorge Cruz, as Segue-me à Capela, o Grupo Raízes de Coimbra com
Rui Pato à viola e muitos, muitos outros músicos, pois no Coro da Primavera havia lugar para todos serem "seus
cantores".
Abril não morreu senhores mangas de alpaca, ou senhores
barões que pensam que dele se apoderaram para lhe fazer o enterro. Se na Aula Magna
da Universidade Clássica de Lisboa pudessem ter entrado "os filhos da
mãe" de que fala o Zeca, se lá pudessem ter entrado e estado veriam que os
cravos não murcharam e que as portas que
Abril abriu não se fecharam. Desiludam-se "senhores filhos da mãe"!
Eu que "assisti" ao momento do nascimento e
explosão do 25 de Abril nas masmorras da Fortaleza de Santa Cruz, com tanto mar
pelo meio, continuo a acreditar nas suas
promessas e nem os muitos anos me conseguem arrancar essa esperança, essa certeza.
É que o 25 de Abril é um momento necessário na construção de
um novo mundo solidário, um passo mais
na prossecução da Utopia. E um passo dado, ninguém o pode desdar.
Como é sabido os militares que fizeram o 25 de Abril de 1974
diante de tantos incumprimentos das promessas feitas, resolveram , e bem, não
participar das comemorações oficiais que sempre se realizaram na Assembleia da República.
A decisão dos capitães de Abril, exceptuando alguns lamentos hipócritas foi
quase consensual. O país inteiro ficou à espera do que iria acontecer em S. Bento.
Muita gente quereria "limpar a face", mas não encontraria a forma de fazê-lo.
Pôr de novo , ou pela primeira vez cravos na lapela? cravos vermelhos em vez de
cravos brancos? Discursos patrióticos
substituindo as elegias fúnebres? Comparecer ou não comparecer nas
comemorações? Por onde andou o Partido Socialista?
Mas eis que alguém , num ato desassombrado abriu as portas da Assembleia da República, escancarando-as ao povo que as
adentrou e ocupou o seu lugar naquela que
era a sua casa. E só depois é que a presidenta Assunção Esteves deu início à sessão.
Obrigado Assunção Esteves, o seu gesto fez-nos regressar a Abril.
Caro Alípio
ResponderEliminarNo facebook a gente clica no gosto e fica lá. Num blogue fazer um comentário a um tão profundo texto, é mais complicado. Apenas se me permite assino por baixo.
Um grande abraço.
Rodrigo
HÁ COISAS QUE UM COMENTÁRIO PODE ATÉ ESTRAGAR,,, VOU FICAR CALADINHO A VIR LER ISTO DE VEZ EM QUANDO,, COMO O FAÇO COM ALGUNS DOS OUTROS....
ResponderEliminarABRACINHO
nota : . EMBORA AGORA ME SEJA MAIS DIFICIL,, DEVE SER DO AZUL