Carta Vária, porquê?



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

De calças na mão



O capitalismo financeiro (a face mais visível, hoje, do imperialismo) está de calças na mão e os seus líderes e serventuários não sabem se põem as mãos na cabeça ou se seguram as calças. É que os deserdados da terra perderam o medo e perder o medo é o primeiro passo no caminho da libertação. Todas as instituições e normas que o estado burguês criou e sacralizou para explorar os povos e manter a ordem não têm hoje qualquer valor. A justiça, a política, a policia, o exército mesmo usando a força já não intimidam os pobres.
O que está agora a acontecer na Inglaterra post-vitoriana, post-imperial, post-organizada, post-thatcheriana, post-estado social e agora rançosasamente conservadora é o sinal evidente de que tudo o que está para trás acabou e de que é necessário começar a construir um novo país onde todos os deserdados tenham lugar como cidadãos e não sejam tão somente considerados lixo.
É óbvio que quem está ou sempre esteve no poder não quer perder os anéis. Por isso, é inevitável que perca também os dedos. E não é justo que alguém, seja em nome de quem for, exija de um deserdado, que pode ser um menino, ou um velho operário na miséria, ou um emigrante descriminado, pela cor e pela cultura, ou um desempregado, ou uma mulher que se prostituiu para sobreviver, ou, ou, ou, - não se pode pedir a nenhum deserdado e humilhado que se porte como um "menino de coro". Não, todos eles darão apenas o troco.
Quando a televisão mostra as imagens do que está acontecer na Inglaterra, reportava-me a outros lugares do mundo onde aconteceu e está a acontecer o mesmo e ainda a outros onde é necessário, absolutamente necessário que também aí aconteça. Os sem esperança, os sem presente e os sem futuro são a imensa maioria do mundo. E porque há-de ser assim, porque tem de ser assim, se a terra tem recursos que sobejam para fazer todos felizes? Pode parecer inacreditável, mas toda esta violência nada mais  é  do que o gesto desesperado dos que querem ser felizes.
Como membro da comunidade humana, o que me  assusta não é a revolta incontida dos pobres. O que me assusta e oprime é o conformismo perante a desesperança.
E se as imagens que nos chegam de Inglaterra se repetirem e replicarem em todos os lugares onde a opressão do poder económico é lei suprema, então  quero ver o pavor na cara de todos os  David Cameron. De todos. Só assim, talvez, não tenhamos mais  de ser confrontados com as imagens das crianças Somalis a morrerem de fome e de sede nos desertos do Corno de África.


1 comentário:

  1. TENHO PARA MIM QUE A MAIOR FORÇA
    SERÁ O MEDO DE PERDER O PODER

    CONFRONTADO COM O

    QUEM MAIS NADA TEM A PERDER

    SE VERÁ,, SE VERÁ....

    OS DO PODER FORAM SEMPRE DEIXANDO CAIR ALGUMA COISINHA...

    FICARAM BÊBADOS DE GANÂNCIA E SERVILISMO EM PIRÂMEDE, NEM SE LEMBRARAM QUE VÃO ARRANJANDO FORMA DE HAVER CADA VEZ MAIS
    COM CADA VEZ MANOS A PERDER

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