Carta Vária, porquê?



quinta-feira, 21 de julho de 2011

As mães da Praça de Maio já são avós


Tudo leva o seu tempo a amadurecer. Os frutos, os homens as ideias, as vontades, as decisões. Tudo. E os tempos de amadurecer não são os mesmos, nem são iguais em todos os lugares. Variam de lugar para lugar e variam também de época. A mim parece-me bem que isso aconteça assim pois , deste modo, a força da natureza e a vontade dos homens estão sempre ocupados e em ebulição.
Vêm estas reflexões a propósito da acção  movida pelos sobrinhos de Silva Pais, director da PIDE, contra  uma cidadã e dois cidadãos por causa da peça de teatro "A Filha Rebelde".
Por este caminho, qualquer dia os tribunais vão entupir com processos semelhantes movidos por todos os sobrinhos e sobrinhas de Gomes da Costa,  Carmona,  Américo Thomaz, Tenreiro, Oliveira Salazar , o quase eterno presidente do Conselho de Ministros do regime fascista, do seu herdeiro político e ideológico Marcelo Caetano e de todos os ministros do Interior, da Justiça e das Colónias que mandaram prender, torturar, desterrar e assassinar centenas de patriotas anti-fascistas e anti-colonialistas, desde trabalhadores a lideres sindicais e militantes políticos.
E agora cabe aqui uma pergunta: o que fizeram os políticos que assumiram o poder depois do 25 de Abril para denunciar e punir os responsáveis pelos 48 anos de opressão fascista, de obscurantismo programado, de destruição da consciência colectiva - por quase meio século de castração social?
Para onde foram os juízes dos tribunais plenários e os outros, que em vez de praticar a justiça, praticaram a iniquidade? E por acaso houve saneamentos na diplomacia? Uma diplomacia que nada mais era do que a continuidade da PIDE e um formidável embuste para os milhões de emigrantes portugueses?
A partir de certa altura, depois do 25 de Novembro, quando a "Democracia" já estava estabilizada, todos aqueles que fugiram ou foram fugidos do 25 de Abril começaram a regressar. Tranquilos, seguros, impunes. E foram tomando conta da economia, da política, das terras e de tudo o que pode gerar riqueza e do Estado, enfim. Daí ao branqueamento do fascismo foi um passo. Felizmente o país começa a dar-se conta disso. Há já pequenos passos significativos. Quem pôs os generais argentinos na prisão foram "Las Madres de la Plaza de Mayo".Um dia também aqui em Portugal, pela vontade das mulheres e dos homens será  reconhecido o Direito à Memória e à Verdade.


1 comentário:

  1. São coisas assim como a das Mães da Praça de Maio, que me ajudam também a ter força no que acredito, sem que o ódio venha ao de cima, nem pena tenho que não venha a ver tantos pulhas postos no seu devido lugar.
    Quer estejam vivos ou já do outro lado, são gente PODRE..

    O que doi é que seja preciso tanto tempo para a justiça chegar onde sempre devia estar.

    Mas o tempo não é o mesmo para todos, nem para tudo, realmente tens razão, recordo muito bem um exemplo que deste sobre as discuções dos camponeses, podia demorar mas depois de chegarem a uma conclusão, era o que tinha de ser E MAI NADA. Não quero resoluções precipitadas, mas agir é tão urgente.,, É NÃO É ?? !!!

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