Carta Vária, porquê?



sábado, 11 de junho de 2011

Sandeus e desmemoriados

Existe um ditado grego, que nos vem dos tempos homéricos e que reza o seguinte: “quando os deuses querem perder os homens, ensandecem-nos ou fazem-lhes perder a memória.”
Não sei se os deuses existem ou não, mas estou absolutamente seguro de que há povos que perderam a memória e/ ou ficaram perfeitamente ensandecidos. As recentes eleições legislativas provaram, à saciedade, que o povo português ensandeceu e perdeu a memória. E que não haja disso a menor dúvida.
 Um senhor, que atende pelo nome de Aníbal Cavaco Silva e que, pela segunda vez, está Presidente da República, que também esteve Primeiro-ministro dez anos e ainda Ministro da Finanças, veio, na véspera ou antevéspera do pleito eleitoral, lembrar aos portugueses que o seu voto era absolutamente necessário para salvar o país da calamitosa situação em que se encontra. Para o tal senhor o “fim da História” estava à vista. Cinquenta e seis por cento dos portugueses acreditaram nas palavras do Demagogo. Votaram. Quarenta e quatro por centro não votaram ou anularam o voto ou votaram em branco.
O resultado eleitoral, pelo menos, demonstrou duas coisas: a primeira de que os políticos portugueses (os actuais e os anteriores), com raríssimas excepções, não se assumem como pessoas de bem, como pessoas honradas, fiéis a princípios éticos de valor universal. Assim, mentem, traficam influências, assaltam o erário público, locupletam-se, criam clientelas, corrompem a justiça, são cruéis com quem trabalha e servis ao capital. Jamais assumem ou aceitam a crítica, perdem a memória dos seus malfeitos e são capazes até de negar a evidência. E os portugueses que votaram não tinham conhecimento disso?
A segunda conclusão é de que esta democracia em que Portugal está atolado, já morreu mas esqueceu-se de cair. Isto a que em Portugal se apelidou de democracia, nada mais é do que uma mentira que convém ao grande capital e serve para oprimir os pobres e descriminar negativamente quem trabalha.
Que democracia é esta que revê a Constituição sempre que os interesses dos grupos económicos o exigem, que mata a reforma agrária e reorganiza o latifúndio, que desertifica o campo, que assiste impávida ao encerramento de milhares de pequenas e médias empresas. Que democracia é esta que vira costas ao mar em nome de interesses alheios, se prepara para atacar o SNS e a escola pública, gera milhares de desempregados, paga pensões de miséria a uns e milionárias a outros, que alarga o fosso social de forma intolerável e troca a competência pelo clientelismo e pelo cartão partidário.
E querem que continuemos a apostar nisto como se fosse democracia? O que é sandice então?
É urgente, urgentíssimo, inadiável procurar para Portugal - mas com o seu povo – o caminho que nos conduza a uma verdadeira democracia, à sabedoria e à felicidade.

3 comentários:

  1. Arrepio-me quando ouço e vejo na tv , políticos dizerem - O POVO NÃO É BURRO !
    Sem deuses nem ídolos, penso que uma pessoa que ensandeça, pelo menos antes, tinha estado no seu perfeito juízo, ou pelo menos cognitivamente bem.
    Até onde a memória me permite recordar, tendo em conta os resultados eleitorais desde o LINDO ABRIL, ou a malta já estava perfeitamente ensandecida ou é burra.
    Vem isto de uma constatação dos tais resultados das votações, e do seu efeito continuado, e das gerações que tiveram a oportunidade de votar até hoje.
    Não creio que uma certa geração, que até já vota, tenha de ter memória, encarregaram-se os senhores de não a deixar instalar-se, aí esteve e continua a estar o sistema de ensino, onde está o 25 de ABRIL de 74 explicado ? E o antes ? Pois, tiraram-se os crucifixos e os retratos das escolas, vai para professor quem não tem vontadinha nenhuma para aquilo, mas é a saída airosa, por não ter classificação de acesso ao curso que gostaria.
    Temos um senhor representante máximo do dito povo, que lá para trás, sendo primeiro ministro, prometeu tirar o País da cauda da Europa, não só não o tirou, como ainda por cima lhe caga em cima; disse agora passados tantos anos, de o seu partido e não só, terem estado no poder, exactamente no dia de reflexão ( ? ? ? ? ) que quem não fosse votar, não teria legitimidade para exigir ou criticar, os que viessem a constituir governo, o mesmo senhor que quando vieram os rodos de dinheiro da europa, nada fez para que não fossem desbaratadas, as já de há muito antes más, AGRICULTURA e PESCA. Teve ainda a lata e pouca vergonha de arengar sobre a interioridade, tal como os seus apaniguados e os do outro partido que tal como o dele, sempre se revezaram no desgoverno disto, o afirmam também. Sai mais uma scut a pagar., á lindinha as parcerias público privadas, são mesmo do melhor.
    Vemos o pai do SNS desolado com o caminho que leva tal serviço, que de obrigatoriamente gratuito, passou a tendencialmente de borla, os seguros tratarão disso, conveniente e tendencialmente.
    Que coisa é esta, onde um senhor para ser empresário, basta saber assinar o seu nome, ir ao banco, sai aí um empréstimo para constituir uma firma, e um gajo para lhe tratar das contas tem de ser DÓTOR ? Esses empresários que entendem, terão de ter o retorno imediato de um dinheiro que até foi emprestado, se não no dia seguinte, pelo menos a tempo de pagar as prestações não do pópó, que está em nome da firma, mas da casinha num monte Alentejano perto de si ? Ou umas fériazinhas num paraíso longe deste inferno?
    Que POVO é este que vendo passar uma manifestação, de uns maduros que fizeram greve, dizem VÃO TRABALHAR MALANDROS,, mas se apanham a jeito um gajo que estava ferido e desarmado, mas tinha tentado assaltar um banco, matam-no á pancada ? É só coragem...
    NÃO ENSANDECERAM NEM SÃO BURROS,

    SÃO INTERESSEIROS,
    olham para o seu umbigo, mesmo que para isso por vezes seja preciso um espelho. Querem que a sua vidinha de merda corra, nem que seja á custa da do vizinho, que até nem conhecem, ou quando muito conhecerão de vista, se a mulher ou a filha, forem coisa que se veja., mas adoram os gatinhos e os cãezinhos, gostam de touradas, e quanto mais os conhecem os homens, mais gostam dos Cães.
    TRAIRAM OS SEUS, ou nem isso, sabem lá eles o que é HONRA, votam porque aquele senhor fala muito bem, e aqueloutro até é bem parecido, muito jeitoso com aquela gravata, afirmam coisas como sendo verdades, porque lerem no jornal, ou deu na televisão.....

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  2. Como se não bastasse o antes comentado, baseiam também as suas escolhas no “ir deitar”, nos que os fazedores de opinião, vão induzindo a ..... na sua maioria, já andou, anda, ou estará prestes a andar, nos círculos das agremiações partidárias que levaram este PAÍS a este regabofe, sem esquecer os beija mão e as lambidelas por um lugarzinho, que nada tem a ver com competência, mas sim curvar de espinha e amém., não é nada difícil para alguns verem o ” jornalismo “que por cá anda, e com um bocadito de curiosidade até, a quem pertence efectivamente a comunicação social em todos os seus âmbitos.
    Uma vez por outra, tornou-se normal ouvir senhores, até com opiniões e análises interessantes e criticas ao que isto é, e foi, mas que antes tiveram o seu nome escarrapachado pelos muros de todo o país com indicação de RUA, a reforma agrária continua, outros vão mandando cirurgicamente algumas opiniões menos agradáveis para a praça; quando foi preciso e lá estavam instalados, fizeram o quê ? Pois é, nessa altura ainda isto não estava, devidamente alcatroado e com o cimento ao alto, era tão fácil para um HOMEM OU MULHER jornalista, verificar todos os Pdm´s aprovados e depois alterados.
    Mas serão esses mesmos senhores que se esqueceram do monopólio do bacalhau, do aço e do cimento, e outros, alguns até saíram do País, tesinhos que nem virotes, tiveram de viver com a ajuda de amigos, foi a penúria total coitadinhos, não demorou muito a regressarem, com o bornal cheiiiiinho,, até se deram ao luxo, de quais Al Capones de pacotilha, doar milhões para fundações, uma há que até tem á frente uma senhora que quando fazia parte do desgoverno, teve o arrojo de expulsar um director regional de um banco de sangue, por o homem ter dito, que as recolhas eram feitas sem critério e poderiam criar situações perigosissimas, e num é HOUVE mesmo MORTES ! Bem mas a fundação lá está e a administradora também. Assim como está muito bem um senhor que é dos mais ricos e laboriosos empresários desta arena e até já estendido para outros locais, mas que se esforçou muitíssimo bem por aplicar o ditado – ladrão que rouba a ladrão, tem cem anos de perdão, como a esperança de vida não chega ainda a essa meta, o homenzinho vai antes ter com um senhor que era banqueiro, passava lindamente com malinhas no aeroporto, e mais tarde até teve o arrojo de meter um atestado de pobre, esse sim teria muito a contar sobre o honroso empresário, e sobre muitas outras jogadas, que sempre dão em GOOOOOOOLLLOOOOO
    Está instalada a todos os níveis a branqueação de autênticos crimes contra quem nesses rastejantes vermes vota, mas como é democrático, o senhor agente da autoridade, faz que verifica os documentos e manda seguir, mesmo sem ao balão bufarem, de nada adiantaria de resto, o branqueamento já está na pretensa justiça.

    Dá a ideia que a minha revolta será contra tudo e contra todos.....

    CALMA...... Há HONROSAS excepções de HOMENS e MULHERES que dá a ideia que sofrem da coluna, pois não se deixam vergar perante nenhum poder, muito menos ainda pelos autênticos bandidos que nos vão espoliando de tudo, julgando até que nos tiram a ALEGRIA DE VIVER,,,, não sabem que NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE
    ....... GENTE INTEIRA.

    Entre mais alguns e algumas, TU ÉS UM DESSES ALÍPIO,,, que BOOOOOM.
    Eles não sabem que isso dá uma força, equiparada á aquela madeira nobre e resistente, que dá uma força do ............ pois é isso o CARVALHO

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  3. Alípio, este teu texto "bateu-me" particularmente porque acabo de ver o filme/documentário "Páre, escute e olhe", que aconselho vivamente e que fala do encerramento/desmembramento/afundamento/esquecimento da linha de comboio do Tua e sobretudo de todas as populações que ficaram ainda com mais obstáculos para enfrentar uma vida que até aí já lhes era muito difícil. Sei que não vou conseguir descrever isto bem, mas é incrível, vejam, aparece o Mexia a dizer que uma linha de comboio para funcionar tem de ser sustentável e não pode servir para transportar um saco de laranjas, que o desenvolvimento está na ferrovia e logo a seguir aparecem imagens mais antigas do Mário Soares a dizer "não podemos ter em conta só o desenvolvimento económico, é preciso atender às populações, ao sentido histórico e ao turismo". Aquando da construção da barragem aparecem os comentários entre-lábios do Sócrates a dizer "falta aqui é cimento"...Enfim, não é nada de novo, mas dá-me uma volta ao estômago, uma revolta, que tenho vontade dos feitos menos heróicos como cuspir na cara a todos estes caras de porcelana, sobretudo pela sua hipocrisia, pela firmeza com que lhes sai da boca aquele estrume, como se estivessem (e estão) dispostos a jurar, pela saúde da própria mãe, que sim, que tudo aquilo é verdade.
    Depois aparece aquela outra personagem de que se fala tanto, esse tal de "povo", aquele sim, o povo, que nos atira com aquelas perguntas que nos emudecem e nos deixam um nó na garganta: "a gente vive é da agricultura, agora vamos viver do quê, do ar?" - pois é, são palavras muito simples, não se fundamentam em teorias elaboradas nem em elegantes exercícios de benchmarking e nem em complexos estudos multinacionais com indicadores rigorosos e irrefutáveis...mas são as palavras que vêm directamente de muitas mãos vazias, de rostos talhados de uma profunda tristeza e de olhos revoltados mas muitos deles conformados.
    Mas a pergunta é sempre a mesma: o que fazer? Digam-me, porque preciso mesmo de saber? O que fazer? O que fazer nesta sociedade onde todos podem falar mas ninguém nos ouve? Onde quem sai à rua com palavras firmes é louco, inconsciente, irrealista ou apenas um ruído que somente se consegue intrometer entre as nossas prioridades egoístas durante breves segundos?
    Por tudo isto, e no meio deste mundo onde fazemos todos estes atentados a nós próprios e aos nossos irmãos, é bom saber que alguém não nos acha loucos.

    Alípio, que a voz não te esmoreça, vamos lutar!

    Ana Ribeiro

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