Carta Vária, porquê?



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Indignação vai voltar à rua



Os partidos de esquerda, ditos ou autodenominados, convivem mal com os movimentos sociais que não controlam.
Não é de hoje, sempre foi assim. Portugal não é diferente dos outros países. Assim os movimentos populares sem ideologia definida mas fortemente reivindicativos, são objecto da repressão dos Governos de direita, da infiltração policial, do aproveitamento de um certo lumpesinato, que actua como agente provocador e do combate ideológico e até político de esquerdas que ainda pensam e até se julgam motores da história ou vanguarda de uma classe operária que já nem existe. O Marxismo, saiba-se, não é um dogma. É uma ciência viva. Ciência Viva.
Mas afinal quem vai às manifestações organizadas pela plataforma 15 de Outubro?
Os deputados à Assembleia da República, a Troika, o Governo da Troika, os banqueiros, os gestores públicos, os secretários de estado, os fazedores de opinião, aqueles que transferem os seus roubos para os off-shores, os "pais da Pátria", o sr. Silva, Presidente da República?
Não, esses não vão às manifestações, pela simples razão de que o Estado não dispõe de uma frota automóvel blindada para transportá-los. Além disso, o cheiro do povo causa-lhes náusea. Têm estômagos muito, muito delicados.
Sendo assim, e por exclusão, às manifestações da plataforma 15 de Outubro, e com números já preocupantes para os bem pensantes, são os jovens desempregados, à procura de um emprego, os sem presente e menos futuro, aqueles que já pensam em emigrar, os sem tecto ou próximos disso, aqueles cujos salários foram reduzidos drasticamente, os empregados  a caminho do olho da rua, aqueles que intuem que isto tem que dar uma volta, mesmo não sabendo qual, aqueles que ao fim de uma vida de trabalho já se preparam para recorrer à caridade pública, os que pensam e são solidários, muitos, muitos daqueles que não aceitam a imposição da mentira, como se fosse uma verdade insofismável. Gente de todas as idades, pois o direito à indignação é um direito inalienável a todo o ser humano.
Que bom que teria sido se, como prelúdio da próxima manifestação, todos os que se dizem oposição ao Governo, depois de terem dito o que disseram, ou muito mais ainda, durante a votação do orçamento do Estado para 2012,tivessem abandonado em bloco a Assembleia da República e deixassem "os filhos da outra", como canta Chico Buarque, a falar sozinhos. Mas não, ficaram. E ficarão sempre, até ao dia em que um contínuo lhes diga: podem ir para casa. Esta fechou.
Todos à Manifestação de Janeiro!

1 comentário:

  1. A URGÊNCIA DE TUDO ISSO É TÃO EVIDENTE QUE NÃO O PODE SER SÓ PARA ALÍPIO DE FREITAS....

    TEMOS OBRIGAÇÃO DE SABER JÁ, QUE QUANTO MAIS TEMPO LEVAR A FALAR, MOTIVAR, ESCLARECER, NO FUNDO TOMAR POSIÇÃO SOBRE ISSO,, MUITOS MAIS SOFRERÃO E MUITOS FICARÃO IMPUNES, UMA VEZ QUE NEM CONSCIÊNCIA TERÃO, DANDO ASSIM OPORTUNIDADE A QUE CADA VEZ MAIS GENTE, QUE POR CARGOS MAIS INSIGNIFICANTES QUE OCUPEM TEMPORARIAMENTE, MAIS SE CONTINUARÃO A JULGAR IMPUNES.

    VAMOS A ISSO MANO VELHO

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