Carta Vária, porquê?



quinta-feira, 26 de maio de 2011

Foi com enorme agrado que vi que muitos dos meus amigos “descobriram”que eu tinha entrado para a turma dos blogueiros. A todos agradeço os incentivos que me deram e as palavras amigas.
Resolvi fazer um blogue por várias razões a primeira das quais é facto de todos os meios de comunicação social estarem, em geral, fechados para mim, assim como de outras pessoa que têm opiniões próprias acerca do que se passa no país e no mundo. Em segundo lugar, a necessidade de discutir esses mesmos problemas não só com amigos e conhecidos mas, sobretudo, com aqueles que estão intoxicados pela comunicação social oficial. O mundo em que vivemos não é nem de perto nem de longe um mundo que essa comunicação nos apresenta. É muito, muito diferente. Hoje como em qualquer outro tempo temos necessidade de saber a verdade sobre o que nos rodeia, que influencia a vida dos nossos povos e a nossa própria. No momento estou em Cabo Verde e, por isso, não tenho trabalhado no blogue. Quero, porém, dizer-vos que se em algum lugar o 25 de Abril representou abertura de novos caminhos e a concretização de esperanças foi nesta terra sempre tida como sem futuro. Vale a pena passar por cá e verificar. Pronto estarei de novo em Portugal para recomeçar a luta antiga ao lado e na companhia de todos aqueles que resistiram, que não se venderam e que continuam acreditar que um outro mundo é possível.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Correr atrás do "velo de ouro"...

Agora do que mais se fala em Portugal, e  não só, é da final da Liga da Europa de Futebol, disputada em Dublin, entre duas equipas portuguesas, o Sporting de Braga e o Futebol Clube do Porto. Ganhou o FCP(1-0) mas, dizem os comentadores, se o Braga tivesse ganho, não seria um escândalo. Mesmo assim, repetem os mesmos comentaristas, ganhou a equipa mais rigorosa na aplicação da estratégia que a conduziria à vitória.
Para a UEFA, que é o organismo que manda no futebol europeu, esta final entre duas equipas portuguesas foi quase um susto. Como foi possível que duas equipas de um país, que anda por aí de chapéu na mão,  a pedir dinheiro emprestado, que jamais poderá pagar, tivesse deixado para trás os ditos "grandes" do futebol europeu e se apresentasse assim, em Dublin, para disputar a final e carregar com "o caneco"?!
Mas não foi só em Portugal que se chorou de alegria e também de tristeza, que se pulou e dançou, que se levantaram bandeiras e cachecóis e que se gritou "para o ano há mais".Também na Colômbia, na Argentina, no Uruguai, no Brasil e em todos os países da Lusofonia. Os gestos foram os mesmos. É que os "argonautas" que aportaram a Dublin, para cumprir o sonho  das suas vidas, carregavam consigo os sonhos de todos os seu povos. Todos lutaram e choraram com eles.
E agora, que o meu coração já bate ao seu ritmo normal, pois também me deixei contagiar pelo que acontecia à minha volta, pergunto-me por que toda esta força anímica, incomensurável que se concentra à volta do futebol, onde a vitória é só um sonho e a taça nem sequer é "um velo de ouro", pergunto-me, repito, por que toda essa energia não pode também ser dirigida no sentido da construção de um outro mundo possível, humano, fraterno, solidário, feliz, onde "a folha da palma afaga a cantaria" como cantou o Zeca Afonso...
Ninguém, nenhum de nós, permitiria que a maioria dos políticos, das mulheres ou dos homens públicos da nossa praça entrasse para a equipa de  que somos adeptos. Contudo, deixamos com uma leviandade que roça o absurdo, que tomem conta das nossas vidas, do nosso presente e do nosso futuro, que tripudiem sobre a nossa credulidade, afirmando que nós é que os elegemos, tendo-nos na conta de uns idiotas a quem podem enganar sempre que queiram. O que não deixa de ser verdade, porque o engano que nos consome e o descaminho em que estamos perdidos, não é de ontem.
Para Falcão, Dublin, foi o culminar de um  sonho de menino. E por que nós não poderemos  também sonhar com a nossa Dublin? Talvez seja necessário que todos voltemos aos nossos tempos de meninos, onde quais Falcões, jogávamos futebol com bola de trapos ou de meia, em ruas, praças, praias e baldios, sem árbitro nem bandeirinhas, com lealdade e entusiasmo. Éramos todos heróis e todos felizes, porque não havia "donos da bola".